O novo hábito expulsa o velho. (Provérbio alemão)
A versão extensa desse provérbio alemão diz:
O novo hábito expulsa o velho, o velho deve dar lugar ao novo. (Séc. XVII)
Esse é o segredo para eliminar hábitos ruins. Em sua obra O Poder do Hábito, Charles Duhigg afirma: “A não ser que você deliberadamente lute contra um hábito — que encontre novas rotinas —, o padrão irá se desenrolar automaticamente.”
Adquirir novos hábitos é tão difícil quanto suprimir hábitos velhos. Disse Machado de Assis, no conto Uma Senhora: “Um velho costume não se perde de um dia para outro.” Mas não há nada que um forte senso de responsabilidade e uma vontade determinada não consigam em alguns meses ou mesmo algumas semanas.
Toda virtude e toda prática saudável devem se tornar habituais. Será bem recompensado todo esforço para adquirir hábitos e comportamentos como uma rotina de exercícios físicos, alimentação saudável, planejamento financeiro, poupança, realização de tarefas no devido tempo, cumprimento de prazos, leitura, paciência, cordialidade etc.
Um bom provérbio húngaro representa a evolução de uma inclinação ruim até se tornar um hábito:
Má inclinação: primeiro andarilha, depois hóspede, finalmente dona da casa.
Do mesmo modo, um hábito desejável pode se estabilizar através do progresso disciplinado.
Ato frequentado faz hábito. (Provérbio espanhol)
Para o bem ou para o mal.
O esforço para a aquisição de novos hábitos deve ser rigoroso, evitando-se falhas seguidas em sua prática. A regra de ouro é a mesma que se aplica à aquisição e aperfeiçoamento de uma habilidade:
Nenhum dia sem uma linha. (Provérbio grego)
Na tragédia Hamlet, de Shakespeare, o rei é assassinado pelo irmão, que se casa com a rainha, sua cunhada, cúmplice do crime. O príncipe Hamlet repreende duramente a rainha, sua mãe, e a aconselha: “Assuma uma virtude, se você não a tem.”
Hamlet diz a ela que o costume pode ser demônio, se serve ao mal, ou anjo, se serve ao bem. Então ele a exorta a não se deitar com o rei e explica como esse hábito (e qualquer outro) pode ser desenvolvido:
Abstenha-se esta noite e isso emprestará uma espécie
de facilidade à próxima abstinência; a seguinte, mais fácil ainda será.
Pois o uso quase pode mudar a estampa da natureza
e envergonhar o demônio ou lançá-lo fora com espantoso poder.
Superar um costume vicioso requer começo e perseverança, cada vez tornando a vez seguinte mais fácil.
A primeira vez é que custa; depois, é por gosto. (Provérbio português)
Aristóteles escreveu em Retórica: “Aplicação, estudo e esforço são dolorosos […] se não têm se tornado habituais; pois então, o hábito os tornou agradáveis.” É necessário criar o desejo pelo hábito.
Epicteto discorreu com maestria sobre a aquisição de novos hábitos, como se vê na citação seguinte, parte da qual já citamos nesta obra:
Todo hábito […] é mantido e incrementado pela ação correspondente: de caminhar, por caminhar; de correr, por correr. Se você quiser ser um bom leitor, leia; se um escritor, escreva. Porém, quando você não tiver lido por trinta dias sucessivamente, mas tiver feito alguma outra coisa, você saberá a consequência. Da mesma forma, se você ficar deitado dez dias, levante-se e tente fazer uma longa caminhada. Você verá como as suas pernas estão enfraquecidas. Geralmente, então, se você quiser tornar qualquer coisa um hábito, faça-a; se você não quiser torná-la um hábito, não a faça, mas acostume-se a fazer alguma outra coisa no lugar dela.
Epicteto mostra como a pessoa pode se desacostumar, por exemplo, da irascibilidade, servindo perfeitamente, porém, a brilhante aula, para a eliminação de qualquer hábito nocivo:
Se, então, você não deseja ter um temperamento raivoso, não alimente o hábito: não jogue nada nele que o aumentará. Primeiramente, fique quieto e conte os dias em que você não ficou irado. Eu costumava estar furioso todos os dias; agora, a cada dois dias; então a cada três, então a cada quatro. Se você descontinuou por trinta dias, ofereça um sacrifício a Deus. Pois o hábito primeiramente começa a ser enfraquecido e então é completamente destruído.
Não demore para começar a cultivar um bom hábito ou a se afastar de um hábito ruim.
O mau costume melhor se corrige hoje que amanhã. (Provérbio português)
Por isso, o poeta inglês Edward Young (séc. XVII–XVIII) apelou e alertou mui sabiamente:
Seja sábio hoje, é loucura adiar;
No dia seguinte, o precedente fatal pleiteará
E assim por diante, até que a sabedoria seja expulsa da vida.
”A preguiça está sempre aumentando. Começa como uma fibra de teia de aranha e termina na forma de uma forte corrente de ferro” (Hitesh Viramgama).